A noite de 31 de Outubro é muito especial - é o Halloween - que designa "Noite dos Santos", a noite antes de "Todos os Santos" ou do "Dia de Todos os Santos". Em Portugal celebra-se o Dia de Todos-os-Santos, no dia 1 de Novembro. No dia 2 de Novembro, as pessoas vão aos cemitérios colocar flores nas campas e rezar pelos seus entes queridos. Esta é uma velha tradição católica.
O Ruca também teve direito a uma abóbora pequenina. A excitação era tal que antecipámos a noite do Haaloween. Ontem lá fizemos a "carantonha". Com uma velinha dentro, ficou na janela. O pior deste episódio foi a explicação que arranjei para justificar, a uma criancinha de 3 anos, aquilo tudo. " as bruxas passam e vêm a abóbora, com medo vão embora e não entram". Claro está que ficou com medo das bruxas...explicação seguinte " as bruxas são borboletas pretas que andam de noite " ????
Um dia faço questão de explicar aos meus filhotes as verdadeiras histórias que dão origem às tradições, hoje tão alteradas e falsificadas. Natal é o pai natal, a páscoa são coelhinhos e mais não sei o quê. Enfim, o fruto da sociedade moderna de "hiper consumismo". Nós pais temos um papel muito mais além, o de educar ...
|
“Não sei, só sei que me sinto doente.
Sinto-me com febre, mas sem febre.”
São estas as explicações que ando há uns dias a dar a quem me atura o dia inteiro e vê que não ando bem.
Com argumentos tão esfarrapados, desisti de me queixar. Com medo de me acharem uma grávida tontinha com manias e queixumes, passei a dizer que está tudo bem e ponto final.
Mas esta sensação de febre constante não passava.
Até que se fez luz na minha cabeça e lá bem no “fundinho” lembrei-me vagamente da médica, na última consulta, ter torcido o nariz às minhas análises.
“ as plaquetas não estão nada bem Lena, tens de repetir este exame. Quero novas análises daqui a duas semanas”.
“ a tenção arterial continua de passarinho”.
Peguei de imediato nos papéis das análises e como um “boi a olhar para um grande palácio” lá tentei decifrar os resultados.
-Plaquetas no nível mínimo do intervalo + PCT no nível mínimo do intervalo.
E isto significa que???
Não faço ideia mas pelo que já ouvi, talvez anemia?. Os sintomas são prostração e falta de força. Lá está a sensação de “febre sem febre”.
Trato-me tão mal…meu Deus.
Não ligo “pévia” à minha saúde. Mas até aí, menos mal. O grave é quando um ser pequenino e indefeso depende disso.
SUA IRRESPONSÀVEL. Como te foste esquecer e só quase duas semanas depois acordas?
Ando tão alheia a tudo e a todos…
Parece que ando a ver o mundo de um camarote que vagueia no ar. Só aterro quando se trata do RUCA.
Neste momento da minha vida vivo sensações fortes.
Tenho o meu Ruca , meu filho amado, meu pequenino que está a crescer a olhos vistos. Amo-o tão profundamente e tenho tanto orgulho nele que parece que vou explodir.
Dou por mim a observa-lo atentamente enquanto ele me fala, fala, fala das coisinhas que vão na sua cabecinha. Umas vezes fico atenta ao que ele me diz, palavra por palavra, corrijo apenas as incorrecções literárias, porque faz parte da sua aprendizagem. A imaginação, essa, deixo fluir, fluir, fluir à vontade e delicio-me com a inocência de uma criança de 3 anos.
Outras vezes dou por mim a observá-lo ao pormenor, a sua pele, o nariz, o cabelo, os olhinhos (verdes garrafa, lindos e iguais aos meus).
Nesse momento não oiço nada…fica o mundo em silêncio e eu mergulho no meu filho lindo…. Afogo-me nele….
“Amo-te muito meu macaquinho….vou ser para sempre tua e tu para sempre meu, nada pode apagar isso, aconteça o que acontecer, na tua vida e na minha….”
Por outro lado, tenho já outro filho dentro de mim.
Este bebé é desejado, planeado, esperado e já amado. Tal como do Ruca, não é fruto do acaso, de um dia qualquer, uma “queca” qualquer.
Não, pelo contrário, eu e o pai sabemos da tua existência desde o primeiro minuto. Assim como do RUCA o dia 16/07/2003 foi um marco, para ti será o dia 05/07/2007.
E se não fores uma Ritinha porque és um menino, serás um Miguel, o que importa é seres tu e que já existes. Meus filhos amados….
Não sei como vou ser como mãe de “segunda viagem”.
Menos ansiosa? mais despreocupada? menos carinhosa? mais desligada? Não sei….
Sei apenas que com o meu RUCA fui tudo intensamente a 200%. O amor, o medo, a felicidade, a angústia…tudo muito intenso.
Gostava de corrigir o errado e ficar só com o bom.
Se bem que olho para o resultado e vejo-o muito positivo.
O meu RUCA:
Saudável, (muitos cuidados e muitas, muitas, muitas privações minhas, da vida social e pessoal)
Dependente de mim ( culpa minha, amo tanto que não “desgrudo”)
Corrigir erros passados…
Apenas me vem uma coisa à cabeça quando penso nisso:
preciso pensar mais em mim, como ser humano que precisa comer, beber, dormir, ser feliz e só assim quem está à minha volta também o será.
A ansiedade que me consumia quando o Ruca era pequenino, não foi bom para ninguém.
De qualquer forma, tentei protegê-lo disso o máximo que consegui.
Mesmo a explodir de angústia ou cansaço, encarnava uma personagem, que eu própria criava e olhava-o com calma, ternura, falava baixinho e devagar como se estivesse num estado de calma plena.
Não creio ter prejudicado o meu Ruca, pelo contrário.
Apenas me prejudiquei a mim, pois sei que não gozei o meu filho querido no primeiro ano de vida. Não tenho boas recordações de mim nem dos meus pensamentos.
É isto que quero mudar, apenas isto.
Quero gozar a minha Rita ou o meu Miguel com toda a intensidade desde o primeiro dia. Não quero desejar que se cale ou adormeça rapidamente para eu relaxar. Não, pelo contrário, quero relaxar a olhar para os seus olhinhos pequeninos e cinzentos de recém-nascido. Não quero que a mamada acabe, quero que se prolongue, para eu sentir o meu bebé encostado a mim, pele na pele.
Não quero que adormeça, quero olhar olhos nos olhos. Não quero que se cale, quero que se manifeste e que refile quando não está bem, quero que comunique comigo e com o mundo.
Aguardo ansiosamente, mas em silêncio, numa ansiedade controlada. Um controlo que quero ter desde já.
Aguardo-te com calma…
“recebe o Setembro
de braços abertos
cobertos
com olhos
rasos de maresia
ao som da cotovia
vivendo o retorno
do Outono
pintado nas telas
como fora um jardim
plagiando tuas velas
ardendo até ao fim”
Setembro. Diz-me tanto este mês…
Não por um marco de algum acontecimento importante, mas por ser um turbilhão de sentimentos que tenho sempre que Setembro começa.
É o início do ano. Verdadeiramente.
31 de Agosto devia ser a passagem de ano, não 31 de Dezembro.
É quando faço um balanço, quando faço planos, quando limpo a secretária…enfim, é o início de mais um ano. Compreendo este sentimento por ter sido tão marcada, no bom e no mau, pela escola. Tive 25 anos de escola…meu Deus…25 anos de escola.
O início, o começo, o novo….pasta, livros, cadernos, lápis, caras amigas, professores, disciplinas, escola…tanta coisa nova sempre que Setembro começava.
O fim, o acabar…do Verão, das férias, das vindimas…tanta coisa que terminava sempre que Setembro começava.
25 anos de Setembro com um misto de alegria, saudade, expectativa e nervosismo miudinho.
Claro que me marcou, claro que tinha de me marcar, claro que Setembro me marcou.
Nervoso miudinho…voltou
Pensei que tinha livrado dele quando “larguei” a escola. Lembro-me tão bem, quando terminei a bendita licenciatura, respirei de alívio e disse para mim: “pronto…acabou, nunca mais quero sentir o começo das aulas e este frio na barriga em Setembro, nunca mais quero professores, exames, trabalhos de grupo, preocupações de estudante…NUNCA MAIS!!!”
Incrível. O ciclo recomeçou.
O meu pedacinho de mim vai iniciar-se nestas andanças. Comprei-lhe uma mochila, um estojo, 3 lápis, uma afiadeira (como se dizia nos meus tempos da primária) e dois cadernos. Dei-lhe uma quanta dose de entusiasmo…falso, muito falso…mas bem disfarçado….coitadinho…ficou cheio de vontade de ir para a escola e não largou mais os seus novos apetrechos.
A escola marcou-me mesmo muito. Nunca pus em causa largar…isso nunca, afinal o meu sonho de ser “a princesa” era muito forte.
O que senti ao comprar o material para o meu pedacinho de mim, é indescritível…apetecia-me bater o pé dizer: não quero ir…estou farta.
Será que vou conseguir disfarçar tudo isto tantos anos.
Faço tudo para ele não criar medos e avançar pela vida fora como um vencedor nato.
Ela marcou-me…
Já conhecia a professora, com fama de bruxa má. Diziam que arrancava os brincos com os puxões de orelhas, que dava reguadas, que tinha uma cabeleira postiça e dentes de ouro, que havia meninos que faziam chichi pelas pernas abaixo com medo.
Eu conhecia-a, era a mesma naquela escola há tantos anos. A professora era aquela, não existia outra, não existia o reclamar dela, o fazer queixa…qual quê.
A escola era aquela, a única que eu conhecia, a única que eu pensava que existia. Não havia sequer o pensamento de mudar para outra escola melhor…qual quê.
O meu irmão…coitado, o que sofreu na escola. Eu pequenita apercebia-me que ele “apanhava” na escola. Lembro-me ter muita pena dele e imaginar alguém a bater-lhe sem ser a nossa mãe.
Lembro-me do meu primeiro encontro com a professora. A tal.
Vá à merda…
Um dia fui levar o pão com manteiga ao meu irmão. Entrei pela sala da escola e entreguei-lho. Ignorei-a. Afinal ela era uma bruxa má.
De repente ela diz-me lá do fundo:
- não se diz bom dia?
Ai, Ai, o que ela foi dizer ao “carneirinho enfurecido.”
- VÁ À MERDA.
Respondi com tanta raiva que me lembro, como se fosse hoje.
Pensei: “pronto, a partir daqui ficou tudo estragado.
Foi assim o primeiro contacto.
O meu primeiro Setembro…
Estava no meu primeiro Setembro de início escolar. Dias antes do dia D.
Espreitei o meu pai, o meu avô e a minha mãe a falar com a “dita cuja” à minha porta. Não apareci, escondi-me a ouvir. Falavam da minha entrada. Aperceberam-se logo de mim e o meu avô disse uma frase que todos acharam graça e riram e que me aterrorizou:
- anda cá, vem conhecer a professora, é esta que te vai dar umas valentes reguadas e por na ordem.
Desatei a correr dali para fora, desatei a chorar. Chorei tanto, tanto.
No primeiro dia lá fui amedrontada…com uma pasta quadrada de pele castanha. Velha. Já a via lá por casa há uns anos. O estojo, feito pela minha mãe, era de fazenda com um fecho. Um lápis, uma borracha e um caderno a estrear, tudo da mercearia da aldeia - “Oh maravilha!!!”. O pão com manteiga, esse, ia dentro de uma singela bolsinha de algodão branco bordada, como se fosse o “pão do Sagrado Corpo de Deus”.
Lá fui eu… salvou-me não ter muitas dificuldades, realmente. Levei uma vez, uma estalada, por estar a ensinar um colega. O Pedro.
Mas vi, assisti a tantas sessões de pontapés, reguadas, puxões de orelhas, gritos, choros, chichi nas calças, meninos a chorar à chegada. Afinal, era tudo verdade.
A escola…
A escola, típica e igual a todas as que existiam nas aldeias de Portugal, sem diferença do Norte e do Sul (ideia brilhante daquele Senhor, que até lhe tenho alguma admiração. Salazar) tinha uma sala, apenas. Mesas, cadeiras, um jogo de lego e um jogo com bolinhas para contar, 3 ou 4 livros de histórias, uma vitrina com pequenas pedras, um globo terrestre, um aquecedor pequeno (nos pés da professora) uma salamandra (que nunca vi acesa) um quadro grande e negro (dividido com traços de giz para separar as matérias), uma cruz, uma régua de madeira, uma cana grossa e suficientemente comprida para chegar da secretária da professora ao coitado que estava no quadro. Não tinha a foto de Salazar, foi retirada, estávamos já no pós-25 de Abril. Tinha um cheiro a soalho e pó de giz. Se fechar os olhos ainda consigo sentir.
Ali estávamos todos, 3ª e 4ª classe de manhã; 1ª e 2ª classe à tarde.
A minha 4ª classe foi o seu último ano no activo. Ninguém mais levou com ela. Graças a Deus. Fomos os últimos.
Hoje somos todos adultos, e existe algo muito forte que nos une. As lembranças. Só eu e a Sara Augusta seguimos os estudos. Ela já psicóloga formada disse-me um dia : “aquela professora, maldita. Era tudo o que uma criança podia temer.”
O meu pai, ainda há pouco tempo me disse:
- “a tua professora primária encontrou-me e perguntou por ti. Ficou muito feliz ao saber que estás tão bem. Tão atenciosa contigo.”
O meu pai… só ele…com aquela educação que eu chamo de “quadrada” onde o padre, o professor e o patrão são nossos donos. Não contava com a minha resposta, cheia de raiva:
- “Quero lá saber dela, não me voltes a falar nessa bruxa.”
Quando larguei aquela escola primária, tinha uma boa preparação…sem dúvida. O português e a matemática na ponta da língua. Excelentes bases. Foram muito úteis, ainda hoje o são.
Queria deixar aqui lembranças positivas…boas bases…só isso.
Já no ciclo preparatório, na vila, na comparação, era o paraíso. Aí começou outra aprendizagem, a pessoal. A partir daí e fora da “muralha da aldeia” vi que o mundo tinha tanta coisa para eu conhecer.
Nunca mais parei…Licenciatura e emprego na capital foi o limite.
Como os tempos mudam…se os meus filhos lerem estas memórias, vão pensar que a sua mãe viveu nos anos 50…no mínimo.
Não meus amores, foram os anos 80 numa aldeia, longe do progresso, longe do mundo de tantos meninos da cidade, como o pai, por exemplo.
E Hoje…
Hoje, sou assim…resultado de uma luta tão desigual.
Hoje vagueio por entre tantos que tiveram escolas onde a professora era amiga, com passeios, jogos e cantigas.
Hoje, esses, compram mochilas e cadernos novos para os filhos, sem sentirem nada.
Hoje, tantos não sentem nada em Setembro…
Assim começo…
Não sei bem as regras dos blog's, dos diários e afins.
Devem ser escritos diariamente? só quando há novidades?
E se não houver? E se não apetecer?
Bem, como este sítio é meu, feito para mim, por mim e ao meu jeito, fica decido: escrevo quando me der na “real gana”.
Nunca fui destas coisas de diários. Quando era mais nova (adolescente) achava que os diários eram coisas de meninas, muito bonitinhas, limpinhas, com quartos cor de rosa, com muitos lacinhos e berloques, com camas de princesa, muito fofas. Todas muito cheirosas, passavam o tempo a escrever num livrinho, com uma capa cheia de ursinhos e com um cadeado, que guardavam secretamente no seu quarto de conto de fadas.
Eu não era assim… sonhava ser, mas não era.
Eu era uma princesa porque era muito bonita (diziam que parecia uma boneca) mas só por isso. À volta não existia a casa nem o quarto conto de fadas. As minhas mãos sujas, o cheiro a terra, a campo, não combinavam com aquele livro tão perfeito e delicado. Eu não o merecia, o meu quarto não o merecia…
Tinha o meu quarto, sim, tinha o meu canto, que ajeitei da melhor maneira possível. Mas aquele livro, do meu imaginário, iria destoar no meio da minhas tralhas. Não me quero queixar, é pecado. Só quem não vê o que se passa no mundo se queixa destas coisas.
Vim para a capital, trabalho e frequento, diariamente, uma das zonas mais "chiques" de Lisboa e passo facilmente por uma menina que viveu como uma princesa e que tinha um diário onde escrevia as suas histórias lindas de passeios e festas de sonho.
Fico “basbaca” a ouvir pessoas dizerem-me que sou perfeitinha, delicada, enfim….
Não me sinto, no meu intimo, uma menina da cidade ou de conto de fadas, porque não podemos apagar o passado e a minha veia rebelde e campestre está cá.
Adoro caras de bacalhau, cabeça de peixe, azeitonas e carapaus fritos. Cozinho comida “do norte”. Meto a “mão na massa”.Não tenho medo nem nojo de bichos (ratos, aranhas tudo… só de cobras) porque cresci com eles. Mexo na terra, sem nojo, sem medo, sem receio…
Hoje sinto que casei com um principe encantado, que me mostrou o mundo para além daquela vila "plantada" ao fundo da Serra do Buçaco.
Entretanto já lá vão quase 10 anos e muita coisa transformou-se em recordação e alguma sabedoria também...
Creio que até me fui adaptando bem a esta vida da cidade. Não consegui romper totalmente com o modo de vida saudável do campo e enclausurar-me num subúrbio. Decidi morar em Mafra, mais perto da natureza que tanto me diz.
Sou mãe de um menino Lindo. Tem 3 anos e é a luz da minha vida.
Aguardo, já com muito amor para dar, o próximo, que já existe dentro de mim.
Este post é sem dúvida um importante ponto de partida para compreender tudo o que vou escrever nos próximos.
Eu e os meus... amores ( filhos e marido)
Eu e os meus...pensamentos
Eu e os meus...sonhos
Eu e os meus... defeitos
Eu e os meus...dias
É esta a razão do título do meu cantinho.
Dias melhores, dias piores, espero contar com este blog para "despejar" o que me vai na alma.
Estou a começar devegarinho...eu sei.
. 38
. Varicela
. este é um assunto que sem...
. Onde vou espreitar...
. mamãaa