Sem dúvida...
Aqui vai o desafio das minhas queridas Catarina e Antes asssim:
Arregalas os olhos, com um sorriso maroto dizes baixinho uma asneira. Tapas a boca com as duas mãozitas e ris… ris muito…
Hoje com 4 anos, para ti as asneiras são:
- cocó
- xixi
- pum
- sanita
- chulé
São as coisas feias que tu conheces…e eu…eu espero que continuem a ser por muito tempo…
E quando tu, o meu tesouro, me agarras a roupa com as mãozitas, me puxas para baixo com toda a tua força e encostas a tua boca ao meu ouvido…
…sussurras coisas importantes, algo muito secreto, que só uma mãe pode ouvir…
A tua voz pequenina, mistura-se com a respiração e lá sai meio deturpado:
- Não ralhas mãe? Pometes?
- fiz um bocadinho de cocó nas cuecas...foi um pum!!!
Serás sempre assim...o meu bebé.
...um pouco atrasado, mas não passo sem deixar aqui um post dedicado.
Esta data diz-me muito. Muito mesmo.
O São Martinho é o Santo padroeiro da minha aldeia, lá na Bairrada. Faz parte do meu crescimento, das minhas origens, das minhas lembranças...
Sei a história do senhor que tirou a capa e a deu a um pobre... e depois partiu o pão e deu a um com fome... e por aí fora!!!.
Mas o São Martinho, para mim, era mesmo a folia da festa da aldeia.
Não sei se conhecem a realidade da aldeia.
Eu conheço, e bem!!!
Quando chegava o S. Mart. as crianças viviam a alegria dos magustos.
Eram dois: o da escola e o da catequese.
Cada uma levava castanhas, um sumo e um molho de caruma (agulhas dos pinheiros).
A fogueira era grande e as castanhas assadas na caruma. Muitas ficavam pretas...muitas tinham bicho...oh pá, mas isso não interessava nada.
Olhem, para mim, o melhor era aquele sumo que eu levava. "Frisumo de ananás", anos e anos sempre o mesmo. Eu adorava. E saboreaaaava cada gole.
É que um sumo, naquela época e naquela realidade, era um luxo. Era um prazer muito grande...coisa tão simples não é?
A festa na aldeia era sempre no fim de semana seguinte ao dia 11.
Mas dias antes os preparativos começavam.
Havia um senhor a vender cabra velha para a chanfana.
Havia, no largo, vendedores ambulantes a vender loiça de barro, principalmente as caçoilas de barro preto ( para a chanfana).
Havia um grupo de gaiteiros que tocavam pelas ruas e que paravam em todas as casa para provar o vinho ( estamos na bairrada).
Nas casas, lá andavam os tapetes nas varandas...limpeza geral para o grande dia.
No dia da festa...
Acordávamos com foguetes ( 7 da manhã).
A banda de música começava a percorrer as ruas inundadas com cheiro a chanfana e a leitão.
Viam-se carros e pessoas desconhecidas, todas muito aperaltadas.
Eu também vestia roupa nova ( da feira pois claro!!!).
As ruas estavam enfeitadas e a rua principal, onde desfilaria a procissão, coberta de verdes e flores. Cheirava a alecrim, rosmaninho...
A procissão saía á rua com o badalar da sineta e a banda da música a tocar.
A recolha da procissão implicava uma chuva infernal e ensurdecedora de foguetes.
(Ainda hoje tenho pavor de foguetes.)
Em todas as casas, tenho a certeza que a ementa era a mesma:
- canja de galinha caseira ( com ovinhos )
- cozido à portuguesa
- chanfana
-leitão (quente do forno) acompanhado com laranja, salada e espumante.
- leite creme, aletria e arroz doce.
À tarde havia baile no salão do café São Martinho. Á noite, novamente baile.
Eu queria sempre ir...ver os rapazes.
A minha mãe e as mães todas lá íam fazer a vontade às filhas. Sentavam-se numas cadeiras com visão geral para a sala e ali ficavam.
Bem esta cena, hoje, eu acho deprimente. Assim como o engate barato e foleiro que se passavam e passam nestes bailaricos.
Sabem o mais engraçado, ainda hoje é assim a festa lá na aldeia.
E eu que conheci outro mundo e vejo as coisas com esta distância tão fria...
Quando lá vou e vejo os jovens a viverem estes momentos, como se o tempo não tivesse passado...
Apetece-me dizer-lhes que há tanta coisa para lá daqueles horizontes...tão pequeninos.
mas fico calada...vou deixá-las descobrirem por si...assim como eu fiz.
Este fim de semana vou lá ...à festa de São Martinho.
Bom fim de semana.
Lena
...no uso da internet aqui no trabalho.
Bolas!!!
Pronto, agora já não posso vir aqui com tanta frequência.
Dou uma vista de olhos rápida pelos blogs, escrevo um post e toca a sair, porque o tempo conta e no final do mês é que são elas.
É só para saberem...caso sintam alguma ausência...
Bem !!!... toca a sair...
Beijinhos
...dizia o Ruca todo entusiasmado.
Foi muito engraçado. O "piqueno" nem sonhava que nesse dia as pessoas abriam as suas portas e davam doces aos meninos.
Fui com ele. Todo orgulhoso com um saquinho de pano, com um bordado a dizer RUI.
A primeira casa...a casa do Sr. Ferreira...mesmo ao lado da nossa. Um casal de idosos simpáticos.
O Ruca lá disse envergonhado as palavrinhas mágicas e surpreendido foi convidado a entrar.
Em cima da mesa da sala estavam à sua espera, ainda por abrir, sacos de beijinhos ( aqueles doces de antigamente, lembram-se), línguas de gato e amendoins. Coitada a Sara deu-lhe dois euros...dizia ela...é para o teu "migalheiro".
O Ruca recebeu e agradeceu, embora com ar de desiludido.
Próxima casa. A casa da Sara ( que faz umas horas lá em casa e o Ruca conhece bem).
Quando o Ruca entra e vê...um saco de beijinhos, amendoins e bolacha maria diz empolgado:
- já tenho desses e não quero bolachas!!!
Veio embora desiludido.
Terceira casa. Vizinhos de cima. Um casal novo, do género dos papás.
Foi a euforia do Ruca...gomas...chupas...chocolates. E diz ele sorridente:
- Até que enfim...recebo doces!!!
Foram poucas casas, mas deu para ele tomar o sabor desta tradição.
Expusemos a sua conquista numa bandeja. Ele orgulhoso sentava-se e contemplava...
Eu sei que ele esperava pelas gomas, chupas, pastilhas elásticas...etc.
. 38
. Varicela
. este é um assunto que sem...
. Onde vou espreitar...
. mamãaa